Há cerca de seis anos conheci essa incrível mulher.
Argentina, mãe de dois filhos, Paula Caamaña entrou no mundo do
empreendedorismo há 14 anos, quando resolveu seguir os passos de seus pais,
mudando para o Brasil.
Com residência fixa na Praia de Pipa, paraíso do Rio Grande
do Norte, a convidamos para ser nossa primeira entrevista do blog Trip TimeShare. Nada melhor que estrearmos com uma mulher
empreendedora, de visão e garra.
TS – Fale um pouco sua infância e juventude na
Argentina e como acabou vindo morar em Pipa.
Em Buenos Aires estudei jornalismo e larguei, estudei
produção de TV e cinema e também acabei largando. Não achava o meu lugar, não conseguia me
identificar. A decisão de vir ao Brasil foi porque os meus pais tinham vindo
uns anos antes, largaram tudo em Buenos Aires depois de um problema de saúde
grave do meu pai. Foi quando numa reunião, em um jantar em família, ele anuncia
a decisão: eu vou morar em Pipa! Quem quiser vir comigo vou ficar muito feliz!
TS – O que motivou seus pais a virem para o
Brasil?
A vida da cidade grande, o estresse pode aparentar normal
na rotina. Mas quando o resultado é terminar em uma cama de hospital com
infarto, você consegue olhar de outro ângulo. Foi o que o meu pai fez.
Um amigo dele tinha um restaurante na praia de Pipa e
falava maravilhas! A gente vinha ao Brasil todo ano! Só tenho lembranças
maravilhosas de minhas férias no Brasil na infância. (Florianópolis!!!)
O que meu pai fazia de hobbie na Argentina era comprar e
vender carros, ele adorava! Trocou esse hobbie no Brasil , mas por terrenos.
Ele sempre foi empreendedor e pioneiro em tudo q fazia. Não
tinha medo de nada e sempre tinha seus admiradores pelo jeito que conseguia
chegar nas pessoas e por fazer ótimos negócios.
TS – Qual a participação de sua mãe no processo de
mudança?
Minha mãe na Argentina teve uma marca de roupa famosa para
crianças. Era tantas coisas fofas! A empresa cresceu, funcionários, correria,
costureiras, lojas ligando! Ela terminou cansando. Amante da fotografia, artista
e decoradora de interiores, resolveu focar mais no que gostava.
Ela e meu pai, entraram no mundo da construção. Oh que
beleza! Construíram juntos a belíssima e conhecida Pousada Tartaruga no centro
de Pipa.
Deu muito certo, eles amaram o processo e batalharam entre
aprender o idioma com os pedreiros, rsrsrs, enquanto supervisionavam a subidas
das paredes de tijolos embaixo do sol quente.
Pouco tempo depois de brincar de comprar e vender terrenos,
se capitalizaram para conseguir construir o famoso centro comercial Vila
Mangueira também no centro de Pipa, ponto de referência da cidade e ponto
obrigatório de uma fotinho na escada. Com os melhores drinks da cidade do Bar
Nativos. O espaço parece uma mini Grecia, charmosa e elegante. Meu pai caprichou no projeto, e
minha mãe nas boas ideias e ambientação.
TS – Qual a nacionalidade de seus dois filhos?
Tenho 2 filhos nascidos em Natal, meus 2 potiguares! E
infelizmente em breve terei que migrar para uma cidade maior a procura de uma
escola para a idade da minha filha de 14 anos.
TS – Quando chegou em Pipa, qual foi seu primeiro
investimento?
Quando eu cheguei ao Brasil a pousada já estava em pleno
funcionamento e foi meu maior aprendizado trabalhar na recepção onde aprendi
tanta coisa! Primeiramente a falar e escrever bem o português, a tratar com
clientes, a perder a vergonha e a me divertir trabalhando.
Eu abri uma loja de roupas de criança em Pipa, mas não
durou muito tempo. Apenas um ano. Tinha que buscar os tecidos em Caruaru a
350kms e as minhas costureiras a 50kms. Quando chegava, só tinha um vestido
pronto! Era um custo muito alto e não deu o retorno esperado.
TS – Seu pai foi uma pessoa muito querida em Pipa.
Quando meu pai faleceu parece que Pipa ficou de luto, tinha
tantos seres queridos, todo mundo gostava dele, ele tratava todo mundo com
carinho, respeito e nunca perdia uma brincadeira!
Sempre admirei meus pais, aprendi muito com eles. Eles me
deixaram um legado muito forte, o da área da construção, que sou completamente
apaixonada.
Tempo depois do falecimento de meu pai consegui construir a
minha própria casa, trabalhando duro pra caramba! Não tinha nem pedreiros, eram
tipo ajudante do ajudante que vinha lá do sertão! Foi ai que aprendi mesmo! Ainda
na dificuldade de ser mulher no meio de homens machistas. Foi um desafio.
Na época eu estava com o pai do meu filho que é arquiteto,
e que me ajudou a evoluir nos trabalhos.
Minha casa ficou linda e super diferente! Uma ponte unindo
os quartos para a sala e cozinha. Um charme. Já vendi. Mas fiquei com uma dor
no coração. Eu precisava evoluir. Entretanto, tenho mais projetos pela frente.
TS – Quais outros empreendimentos você chegou a
desenvolver?
Abri uma pequena imobiliária, onde era a funcionaria e ao
mesmo tempo a chefe. Corri atrás de clientes, imóveis e tentar ganhar a
confiança dos clientes e investidores. As redes sociais ajudaram muito. Só que
quando o negócio começou a crescer, engravidei do meu segundo filho. Uma
gravidez de risco, o que me forçou a deixar o trabalho em segundo plano.
Serviu para fazer bons contatos que uso até hoje. Não estou
praticamente na ativa. Não tenho tempo. Foi bem interessante criar tudo
sozinha. Correr atrás de tudo. Fiquei muito orgulhosa de mim mesma com isso.
Ninguém me ensinou nada, tive a necessidade e entrei de cabeça. Na hora de
conversar com novos clientes só lembrava do meu pai e tentava transmitir
confiança, e deu certo!
Passou mais um tempinho e fiz uma parceria com o meu tio,
irmão do meu pai, que mora na Argentina. Construi duas casas lindas e
aconchegantes. Foi um mega trabalho, e acabei gastando mil % a mais do
orçamento. kkkk
TS – Após o falecimento de seu pai, vocês
continuaram com a Pousada Tartaruga?
Um tempo depois a gente resolveu vender a Pousada
Tartaruga. Discutimos isso durante anos com a minha família. Foi a decisão mais
difícil a ser tomada, porem, acertada.
Minha mãe, irmã e eu seguimos rumos diferentes de
investimentos.
Eu já estava com muita sede de voltar a construir! E no dia
seguinte que fechamos negócio, fui comprar um terreno que estava apaixonada e
já comecei o meu novo projeto!
Está na fase final de obra. São dois lofts e duas casas. Os
lofts já estão alugados e as casas para ser entregues.
TS – Algo mais em mente?
No momento, estou iniciando um novo projeto de ponto
comercial, mas ainda é top Secret! Mas, os negócios vão continuar em Pipa!
TS – Viver em Pipa...
Todo mundo fala que tem um imã aqui! Você vem de bobeira,
fica grudado e não consegue mais ir embora! Aqui e tudo muito diferente do que
a minha família e eu acostumamos viver e ter em Buenos Aires.
TS – Pretende voltar a morar na Argentina?
Morávamos em num bairro da classe alta em Bueno Aires.
freqüentávamos escolas chicks, tínhamos status, praticamente uma princiesa.
Acho que minha família e eu precisamos vir morar em Pipa como forma de evolução
espiritual. Aprender coisas novas e se adaptar num ambiente extremadamente
diferente, ter desafios e vivências diferentes. No começo é um pouco
assustador, mas agora amo morar aqui. O calor das pessoas, a simplicidade, o
carisma, as paisagens!! E claro, bons negócios, porque Pipa ainda é ótimo para
investir. O retorno é muito bom.
Agora Buenos Aires só de férias!
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