domingo, 29 de março de 2020

À Procura da Felicidade | Crítica

Baseado numa história real, À Procura da Felicidade é o tipo de filme perfeito para os que gostam de um drama bem triste, no qual o protagonista, geralmente carismático, sofre muito. Mas muito mesmo. O roteiro é inspirado na história real de Christopher Paul Gardner, que virou um milionário após passar maus bocados na cidade de São Francisco. Exatamente por isso, o final feliz é esperado. Mesmo assim, o filme é capaz de envolver o espectador, que se pega torcendo pelo protagonista mesmo sem querer.

Chris Gardner (Will Smith) é um homem sonhador que resolve investir todas as suas economias em modernas máquinas que fazem exames semelhantes às de raio X. Pela semelhança entre os dois equipamentos, ele não consegue recuperar o investimento. Nenhum médico quer comprar o aparelho que ele carrega entre um ônibus e outro. Por isso, tem dificuldades de sustentar sua mulher, Linda (Thandie Newton), e o filho pequeno, Christopher (Jaden Smith, filho de Will Smith também na vida real). Gradativamente, a família afunda em dívidas e conflitos. É quando Chris tem a idéia de tentar, a qualquer custo, trabalhar como corretor da bolsa - um emprego em plena ascensão no começo dos anos 80, quando se passa a trama. Mesmo sem estudos qualificados. Sua força de vontade, carisma e facilidade nos assuntos da matemática faz com que sua esperança de conseguir um emprego fixo e sustentar seu filho nunca seja abandonada.


Verdade seja dita: À Procura da Felicidade é um grande dramalhão e não tem medo de se assumir como tal. Também, pudera: além de ser baseado numa história triste, repleta de clichês envolvendo a superação de um homem em nome da família, é dirigido pelo italiano Gabriele Muccino (O Último Beijo). Culturalmente, italianos sabem trabalhar melhor um drama pesado do que os americanos. Talvez por isso, Muccino foi escalado pelo próprio Smith para a condução desta trama. Além disso, Will Smith mostra uma excelente atuação. Ironicamente, ele mesmo é um ator que se superou e mostrou também saber interpretar, além de ser comediante e rapper.

Mais do que a dificuldade financeira do protagonista, À Procura da Felicidade foca seu relacionamento com o filho pequeno e seu desejo de ser uma forte figura paterna para o menino. Mais do que respeito, Chris quer que a criança sinta orgulho dele, não importando as adversidades que a vida lhes impõe. Para ele, conseguir um emprego como corretor de ações está relacionado à procura da felicidade do título, ao lado de seu filho, do que à ascensão social e financeira. Afinal, este era o emprego dos sonhos de qualquer jovem yuppie norte-americano nos anos 80 e 90.


Além do carisma de Smith, também é importante reforçar a importância da escalação de seu filho para interpretar este personagem. A química entre pai e filho é levada à tela naturalmente, ponto essencial para a construção da dinâmica entre os dois personagens, que alterna momentos tensos e leves, típicos nesse tipo de relação. Apesar da conclusão do roteiro ser óbvia, a trama é envolvente o suficiente para fazer com que o espectador se emocione.

NOTA: 90

Nenhum comentário:

Postar um comentário